Sobre o SXSWedu 2017 – A inclusão e a Diversidade

30/03/2017
Posted in SXSW 2017
30/03/2017 Felipe Menhem

Sobre o SXSWedu 2017 – A inclusão e a Diversidade

Inclusão e diversidade. Duas palavras que a gente escuta toda hora como fundamentais para as empresas e escolas, mas que, ainda precisam sair do discurso e serem colocadas em prática ao redor do mundo.

No entanto, Inclusão e Diversidade foram novamente abordadas, tanto no SXSW quanto no SXSWedu. E por um motivo simples, porém óbvio: as pessoas precisam sentir-se representadas para aceitarem fazerem parte do conteúdo. E são vários os exemplos:

Novamente, começo citando a palestra do Chris Emdin, quando ele cita que há poucos professores negros nas escolas. Parte desse problema ocorre porque não estimulam os jovens negros a serem professores e os alunos negros não se sentem representados.

Ou, na fala de Rachel Goslins, diretora do futuro Museu Smithsonian’s das Artes e Indústrias, que está sendo construído em Washington. O museu terá como foco a inovação, os processos criativos, mas quer desmistificar o “cargo” de inovador, geralmente retratado como o jovem branco. Somente 8% dos Inovadores vem das minorias. Rachel quer mostrar que qualquer um pode ser inovador e a inovação pode ser qualquer coisa que fazemos para melhorar nosso dia-a-dia. O objetivo deste “desmuseu”, nas palavras de Rachel, “é usar a tecnologia do séc. XXI para contar histórias do séc XXI” e fazer com que cada visitante sinta-se representado, seja nas instalações, seja nas pessoas.

Apresentação de Rachel Goslins

De vez em quando, a diversidade vem em um painel. O Instituto Inspirare, aqui do Brasil, apresentou o “Estudantes como Inovadores na Educação“, trazendo as histórias de Bruna Waitman e Maílson Aguiar. Dois jovens brasileiros, de origens totalmente diferentes, e que ao seu jeito, fizeram pesquisas para entender como os estudantes brasileiros viam suas escolas e como gostariam que fosse.

A história do Maílson é muito simbólica para toda essa conversa de diversidade. Ele nasceu no interior do Pará, frequentou uma escola rural e fez uma pesquisa com 130 mil jovens em todo o Brasil. Aos 20 anos, estava ali, em Austin, apresentando sua história para o público do SXSWedu, professores americanos em sua maioria. Quando eles teriam a chance de ouvir uma história dessas? Se abriu a minha cabeça, imagino o que deve ter acontecido com a cabeça deles. Além disso, quantas histórias parecidas devem acontecer ao redor do mundo e a gente não fica sabendo, exatamente porque estamos sempre falando para nós mesmos?

Ou, finalmente, quando participei de um workshop de design thinking aplicado à educação, feito por alunos da Minerva Schools. Essa foi uma experiência interessantíssima. Em tese, era um desses momentos onde as pessoas precisavam desenhar um Mínimo Produto Viável para resolver um problema. No caso, “o que pode ser consertado na educação?”, assim, bem genérico. Acontece que na minha mesa, de sete pessoas, tinham dois brasileiros, duas americanas, uma chinesa e dois caras de Cingapura. E no meio das referências e desejos, decidimos que poderíamos tornar a pedagogia mais tátil, mão na massa. Agora, observem que interessante: cada um de nós tinha uma visão sobre como fazer isso acontecer.

O grupo decidiu criar um espaço para atividades extra-curriculares na escola, em um misto de educação profissional e programa de estágio. As empresas forneceriam mão de obra e conhecimento, a comunidade entraria com problemas a serem resolvidos. Mas, para chegar nisso, a gente precisou discutir um pouco. Porque eu achei estranho os caras de Cingapura pensarem em envolver só as empresas, eles devem ter achado esquisito o meu desejo de envolver a comunidade ao redor das escolas. Mas, beleza. Nas diferenças de visão de mundo, desenvolvemos nosso projeto em duas horas. Foi apresentado, elogiado e ainda fizemos um canvas.

Apresentação do meu grupo no workshop

Igual falamos no ano passado: Pessoas diferentes garantem pontos de vistas diferentes e, consequentemente, mais criatividade e inovação no seu projeto. Agora, como estimular isso no ambiente de trabalho? Acho que valem algumas dicas:

  • Estimule a troca de experiências. Na sua organização, chame pessoas de áreas diferentes a participarem de projetos de outras áreas. A experiência e visão dessas pessoas podem ser fundamentais para o sucesso desse projeto. Chame a pessoa de TI para discutir a nova política de Recursos Humanos, por exemplo.
  • Contrate diferente. Você só vai ter uma equipe diferente se você abrir sua cabeça na hora da contratação. Pessoas com diferentes histórias de vida, escolas, experiências profissionais irão te ajudar a garantir esse ambiente diverso tão desejado.
  • Honestidade e respeito ao próximo. Estimule que sua equipe tenha conversas claras e honestas e respeite a identidade de cada um. Se as pessoas forem elas mesmas no trabalho, você terá um ambiente mais leve e transparente, sem que o medo de expor opiniões.

Compartilhe as suas opiniões também! Nos vemos no próximo post.

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