O que fazer com as diferentes agendas e culturas nas organizações?

03/12/2019
Posted in Tendências
03/12/2019 Felipe Menhem

O que fazer com as diferentes agendas e culturas nas organizações?

Pelo segundo ano consecutivo, fui Mestre de Cerimônias do Roadsec São Paulo. Se você não conhece o evento, eu te explico: o Roadsec é a maior conferência de tecnologia, hacker e de segurança da informação do continente. São eventos itinerantes no Brasil, com a edição de encerramento do ano em São Paulo. Vários palcos simultâneos, oficinas, atividades e shows bacanas no final.

Eu brinco dizendo que sou “o cara de humanas na conferência de tecnologia”. Entendo mais ou menos o que está sendo dito em parte das palestras e tento aprender o máximo que consigo, não só com os conteúdos, mas com todo o festival. Um evento que é feito por gente apaixonada pelo tema, um envolvimento fora do comum da comunidade, realmente um ambiente de construção coletiva. Espero um dia poder criar um evento para a área de educação e aprendizagem que seja relevante feito o Roadsec.

Esse ano, fiquei responsável pelo palco Gerald Lawson e, dentre os vários conteúdos bacanas apresentados, três me chamaram atenção. Um pela inovação e criatividade e dois por abordarem a questão da cultura e agenda das organizações, em diferentes aspectos.

Sobre inovação e criatividade, fiquei de boca aberta com a palestra do Lucas Lima , engenheiro mecânico de 24 anos e fundador da Infill, uma fábrica de impressoras 3D instalada no Complexo do Alemão. Usando peças achadas em ferros-velhos, arduíno e um software livre, ele consegue montar uma impressora por 700 reais, em uma tecnologia 100% made in favela. Outro objetivo do Lucas é ensinar a tecnologia para crianças e jovens do alemão. É daqueles projetos que enchem os olhos pelo propósito e pela inovação. Além disso, fiquei impressionado com sua facilidade para simplificar as explicações complexas.

Recomendo ler essa matéria e essa outra matéria sobre o trabalho do Lucas.

Sobre a cultura organizacional, achei interessante acompanhar as palestras do Felipe Luz e do André Antunes. O Felipe falou sobre as questões da privacidade e as novas oportunidades geradas para negócios e carreiras. Trabalhando com aprendizagem corporativa, vejo superficialmente como a Lei Geral de Proteção de Dados ainda é um território nebuloso e como somos descuidados com dados que deixamos pra trás. Enquanto pessoas físicas ou jurídicas, de maneira geral, ainda não entendemos como lidar com dados. O André abordou o walk the talk em segurança da informação e como muitas vezes, o que é falado não é praticado, o popular “casa de ferreiro, espeto de pau”.

Conversando com os dois palestrantes antes de subirem ao palco, percebemos como é uma questão de cultura organizacional. Obviamente, lembrei de alguns pontos da palestra do Sunil Mundra, especialmente as dissonâncias entre a área de negócios e as outras áreas da organização. Ou não praticamos o que vendemos ou temos dificuldade em entender as mudanças e tomar ações frente à elas.

Outro grande desafio é encaixar a mudança ou implementação das diversas culturas na agenda das organizações. É meio inocente afirmar isso, mas esquecemos que as empresas são sistemas complexos, com diversos interesses e culturas andando ao mesmo tempo. Da mesma forma que o RH precisa mudar a cultura da aprendizagem e da diversidade, por exemplo, a área de segurança precisa tratar da sua, assim como privacidade ou inovação.

Já adianto que esse é apenas o começo da nossa conversa sobre isso. Em sistemas complexos, não podemos pensar em ações isoladas, dentro de setores ou áreas. Por isso, imagino que a implementação da(s) cultura(s) desejada(s) passe por entender a urgência, envolver todas as áreas da empresa, e buscar apoio e recursos em outras áreas. Apesar das próprias agendas e urgências, RH e Comunicação são duas áreas que precisam ser envolvidas e que podem oferecer soluções e caminhos possíveis. E claro, essas discussões precisam envolver as altas hierarquias das empresas.

Contem pra gente quais são as dificuldades que vocês enxergam na implementação de culturas e mudanças na sua organização. Vamos falar mais sobre isso nos próximos dias.

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