Talvez esse texto seja mais uma reflexão do que qualquer outra coisa, mas vamos lá.
Tenho pensado bastante sobre as formas de lidar com o mundo complexo e entendendo como até eu, que falo sobre isso, tenho dificuldades em organizar os pensamentos de tempos em tempos. Tenho a impressão de que vivemos em um constante estado de “e”, não de “ou”. As coisas são isso e também aquilo. Sempre estamos fazendo e se preocupando com mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Por isso, acho que o maior desafio é efetivamente “pensar lá na frente e agir no agora” que falei no post anterior, sobre as narrativas de aprendizagem. De vez em quando, penso no “agora” e esqueço o “lá na frente”. Outras vezes, me vejo fazendo coisas que podem ser úteis lá na frente, mas não agora. E isso tem a ver com o trabalho, com a vida, com tudo.
Pra mim, fica claro que a gente precisa desenvolver a capacidade de aprender. Essa é uma das grandes ferramentas para lidar com o mundo complexo e afiar essa sintonia entre o cenário do “agora” e o “lá na frente”. No entanto, percebo também que muitas pessoas não entendem essa capacidade como importante dentro da construção do repertório pra lidar com essa complexidade. Preferem um caminho de “comando e controle” e de não compartilhamento. Talvez como uma proteção, talvez por medo ou ignorar o mundo galopante ao redor, imagino.
Na minha ronda do twitter, cheguei nesse post do Tanmay Vora sobre lidar com a complexidade e ele fala isso aqui:
O que frequentemente nos falta não são os recursos para aprender, mas a intenção de aprender. A disciplina para buscar o aprendizado de forma estruturada. A abertura para olhar “além do currículo” e identificar tópicos que realmente ressoam. A coragem de estar à disposição para aprender virtualmente com outras pessoas. O motor da execução em levar nosso aprendizado ao serviço de outros.
Vora cita então seis passos propostos pelo Harold Jarche para dar sentido também ao nosso mundo complexo: ser curioso, lidar com a ambiguidade, ver através de várias lentes, experimentar, aumentar os círculos de conhecimento e compartilhar.
Ou seja, precisamos sair da bolha e olhar para além das nossas áreas e acima dos muros (virtuais ou não) da nossa vida e das nossas organizações. Tudo isso com o olhar de diversidade para gerar inovação, novas ideias. Rapidamente, percebemos como os seis pontos se conectam. A ambiguidade conversa com a curiosidade e a observação por diferentes lentes. Ou, em um olhar mais abstrato, ter curiosidade nos leva à ambiguidade, porque descobrimos diferentes maneiras – muitas vezes conflitantes – de resolver problemas.
Testar hipóteses e experimentar também é importante. Colocar as ideias no campo, ver o que pode ser melhorado, descartar o que não serve e o que não faz sentido e ir repetindo o processo. Não existe linha de chegada no mundo complexo. A pergunta que deve ser feita é “o quanto consigo seguir em frente” em vez de “quanto falta para acabar?”
Finalmente, por isso é fundamental aprendermos a compartilhar e não estou falando sobre os aprendizados, mas também as dúvidas, as provocações e os medos. Compartilhar significa que aquilo é maior do que a gente e precisamos espalhar a palavra e/ou buscar ajuda e/ou enxergar por diferentes pontos de vista.
É o que estou fazendo aqui. 🙂