Repertório funciona pros músicos e pode funcionar pra gente também

13/08/2020
Posted in Aprendizagem
13/08/2020 Felipe Menhem

Repertório funciona pros músicos e pode funcionar pra gente também

Sempre gostei de entender diferentes processos de construção das coisas. Mais do que o produto final, fico interessado na criação e nos desafios para se chegar até ali. E dentro dos meus interesses, fico de olho nesse processo dentro da música, especialmente agora que estamos desenhando a segunda edição do webinar “Navegando no mundo complexo: improviso para não músicos“.

Por isso, achei legal comentar essa iniciativa do Drumeo, um dos canais sobre bateria mais populares do Youtube, de colocar os bateristas convidados para tocarem uma música depois de, em tese, ouví-la uma única vez. Aqui embaixo coloquei o vídeo do Larnell Lewis, baterista do Snarky Puppy, mas compartilho também os links do Rashid Williams (John Legend) e Gil Sharone (independente).

(Se você acompanha nosso blog há mais tempo, vai se lembrar do Larnell Lewis. Falamos dele nesse post sobre colaboração.)

Sobre o vídeo, vamos tirar da equação o fato do título em si ser um caça-cliques. Todos os músicos escutam a canção mais de uma vez, mas tomam rumos diferentes para memorizar as partes. E a audição e esses rumos trazem aprendizados interessantes para o nosso dia a dia.

O primeiro ponto é a escuta ativa durante a primeira vez que a música é tocada. Todos os três músicos enfatizam essa parte, porque ela permite entender o contexto e ajuda a responder algumas perguntas:  qual é o estilo da música? O que os outros músicos e instrumentos estão fazendo? Qual é o meu papel na canção e o que posso fazer para melhorá-la? Se pensarmos, são perguntas que aparecem em uma reunião de briefing para um projeto de aprendizagem, por exemplo.

Ter a consciência situacional te permite pensar na abordagem para resolver o problema. Os músicos fazem um mapa da música, seja mental ou no papel, e buscam soluções no repertório construído por cada um. Quais partes se repetem, quais partes são únicas? Será que eles já tocaram ou ouviram algo parecido antes e que seja possível incorporar naquela execução? Quais são as regras fundamentais daquele estilo de música e quais delas podem ser quebradas?

O terceiro passo é fazer uma primeira execução da música, no melhor espírito ágil. Eles testam as ideias, veem o que funcionou e o que pode ser melhorado para uma próxima vez. Finalmente, fazem o ajuste fino para o que seria a “versão final”: quais detalhes podem ser realçados, como aquela experiência pode ser ainda melhor.

Tudo isso é baseado no repertório construído com muita prática. Nesses três exemplos, tudo fica mais fácil porque Larnell, Rashid e Gil estão expostos à música o tempo inteiro, seja estudando o instrumento, ouvindo música e gravando sozinhos ou com outros músicos. Ter essa mentalidade de crescimento e buscar mais referências e experiências facilitou o trabalho dessas pessoas no dia a dia.

Certamente pode facilitar a nossa também.

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