Quero compartilhar uma reflexão, soma das leituras e também dos temas que andei vendo em duas conferências nas últimas semanas: a Innovation@Work, promovida pela The Economist e a WorldSkills Conference, feita pela WorldSkills International.
Na Innovation@Work, as discussões foram em torno do trabalho híbrido. Quais são os novos acordos e desafios do “Trabalhe de Qualquer Lugar”? Aqui, estamos falando sobre cultura organizacional, T&D, integração e afins.
Na WorldSkills Conference, assisti duas trilhas com mais atenção: “Skills for green jobs” e “Poverty reduction through skills”. A primeira falava sobre as “green skills”, as habilidades para desenvolvimento sustentável e uma economia circular. O foco da segunda era como o ensino técnico/vocacional pode ser um caminho para a redução da pobreza.
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Independente da abordagem, é interessante ver que alguns desafios organizacionais são globais. Um dos exemplos é como garantir a qualificação e requalificação da força de trabalho para as habilidades digitais, técnicas e humanas que têm relação com automação, inteligência artificial e metas de globais de sustentabilidade.
Em sua fala dentro do Innovation, Chike Aguh, Chefe de Inovação do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, comentou que até 2030, mais da metade dos trabalhos no país exigirá “habilidades tecnológicas e digitais” de alta e média complexidade. No entanto, somente 15% da população tem acesso aos recursos para desenvolver essas habilidades.
Na conferência da WorldSkills, Nicolas Schmit, Comissário para Trabalho e Direitos Sociais da União Europeia, disse que 40% dos trabalhadores no continente não tem essas mesmas habilidades. O cenário é melhor para a geração entre 16 e 29 anos, só 9% não tem habilidades digitais, mas ainda há a necessidade delas serem focadas no trabalho.
Embora sejam números e desafios globais, as soluções e caminhos são dramaticamente locais, por inúmeros fatores: desigualdade social, inclusão, diversidade, pobreza, acesso à educação, pouca infraestrutura, acesso à internet, etc. O que funciona na Suécia ou em Ruanda pode não dar certo no Brasil, porque falamos de cenários diferentes.
E focando somente na educação corporativa, que é a nossa seara, as realidades também são várias e distintas. Pessoas podem morar na mesma cidade e ainda assim, tem diferentes condições para acessar à internet. As condições de infraestrutura mudam se a organização tem escritórios e fábricas fora de grandes centros. Sem contar o cenário do trabalho remoto, com pessoas espalhadas por todo o país, é preciso pensar em diferentes formas de conteúdo e abordagens e assim, garantir condições de aprendizagem para a força de trabalho.
Como? Imagino diferentes caminhos. Uma forma é pesquisar e entender o cenário e condições das pessoas que compõe a organização e desenvolver diferentes objetos e formas de aprendizagem para elas. De maneira mais ampla, trocar experiências e criar redes de colaboração com outras organizações e instituições de ensino, para tentar desenhar soluções em conjunto e que consigam navegar na complexidade atual.
Essa conversa continua em breve!