SXSWedu 2016

 

Tivemos a oportunidade de participar do SXSWedu, conferência sobre educação realizada em Austin, nos Estados Unidos, desde 2011. Faz parte da “família” SXSW de eventos e conferências, que promove, por exemplo o evento homônimo, que comemorou 30 anos em 2016. O SXSWedu aconteceu entre 7 e 10 de março, com painéis e debates espalhados pelo Centro de Convenções de Austin e hotéis próximos, todos localizados no centro da cidade.

O foco do SXSWedu na educação básica e pública. São assuntos que tenho conhecimento e bastante interesse, então não teve como não aproveitar.

Nesse ponto, foi interessante ver as semelhanças e diferenças nos desafios e dilemas da educação pública dos Estados Unidos e do Brasil. Sobre os opostos: os desejos e dilemas dos professores da rede pública de lá são muito diferentes dos daqui, por uma série de motivos. A discussão sobre ensino de tecnologia, a criação de espaços maker em sala de aula e edtechs é fortíssima. Como consequência, vemos várias ofertas de atividades lúdicas, cursos de verão sobre programação e design, impressoras (e canetas!) 3D, além de qualquer solução tecnológica para sala de aula e gestão escolar. Tenho a impressão que este tipo de demanda ainda está engatinhando no ensino público por aqui.

No Explo, o seu objetivo é pegar um cartão postal e transformá-lo em um para-quedas, somente com tesoura e fita crepe. É um experimento utilizado para ensinar aerodinâmica para as crianças.

No Explo, o seu objetivo é pegar um cartão postal e transformá-lo em um para-quedas, somente com tesoura e fita crepe. É um experimento utilizado para ensinar aerodinâmica para as crianças.

Por outro lado, existem muitas similaridades. Exemplos: Uma política de avaliação bem vertical, onde os professores não são ouvidos, desigualdade social e racial e os desafios da inclusão.

Sobre os dois primeiros temas, lembro de uma painel promovido pelo Medium. Nele, a forma de avaliação dos professores foi fortemente questionada. De maneira simplista, assumiam somente que os professores não queriam ensinar, quando, na verdade, os docentes, especialmente da escola pública, lidam com crianças mais pobres e com uma infinidade de realidades e problemas. O Medium tem sido uma plataforma importante para que os profissionais discutam as realidades nas escolas.

Retoricamente, as pessoas falam que educação é importante. Na prática, ninguém dá valor. – Randi Weingarten, Presidente da Federação Americana de Professores.

A desigualdade social e racial também foi discutida. Um painel sobre diversidade na educação, promovido pela Fundação Bill e Melinda Gates, foi enfático nesse ponto. A falta de diversidade é importante porque torna-se um problema de negócio, uma vez que os alunos não se parecem com as pessoas que estão resolvendo o problema. De fato, 51% dos alunos na rede pública americana não são brancos e a maioria do pessoal da escola é. Não é uma questão de pareamento, mas de representatividade.

Em outro painel, investidores em edtech comentaram sobre como é relevante ter uma equipe diversa, para eliminar os pontos cegos dos projetos. Citaram o caso de uma empresa que desenvolve um app para acompanhamento do desempenho dos alunos de uma determinada região. O time contratou uma programadora latina, que sugeriu a tradução do app para o espanhol, já que a maioria dos pais dos daqueles alunos não fala inglês. Só isso fez o número de downloads, interações aumentassem barbaramente, assim como o envolvimento com as escolas.

Sobre inclusão, a diferença fundamental é o estágio da discussão. Se por aqui, perguntamos se devemos fazer, por lá é sobre como fazer a inclusão. Nesse ponto, vale o keynote de aberuta da conferência, feito por Temple Grandin.

Grandin fala sobre a diferentes modos de pensamento e como todos devem pensar juntos para resolver problemas. Ela mesma tem autismo e Síndrome de Asperger. Sobre inclusão, Grandim defende que as crianças são inclusivas naturalmente, mas as vezes é preciso separar para evitar bullying.

Os finalmentes

No geral, o SXSW é uma elaborada construção coletiva. Toda hora alguém vem conversar, especialmente nos happy hours, o que é algo um pouco estranho para os tímidos, feito eu. Mas rapidamente você se acostuma. De repente, você está descobrindo diversos projetos super legais: bibliotecas para crianças em barbearias de Nova York, projetos de inclusão da IBM usando tecnologia de ponta, plataformas que usam o emoji como um idioma ou o hip-hop como ferramenta de ensino de matemática, história e línguas.

Também é um lugar de tendências. Vi muitas iniciativas de Realidade Virtual e Realidade Aumentada para a sala de aula, algumas discussões sobre blended learning nas escolas e sobre como será a aprendizagem no futuro. Tipo esse vídeo:

No entanto, ainda é um evento muito focado para o público americano. No último dia, a representante do SXSWedu para o Brasil nos ofereceu um café da manhã. Nele, algumas pessoas da Fundação Lemann demonstraram interesse em levar professores da rede pública brasileira para Austin em 2017. Sem dúvidas, a diversidade de culturas e realidades de ensino seria muito benéfica para a conferência.

Quem trabalha com educação básica, é gestor público, quer desenvolver soluções, ajudar nesta questão ou simplesmente tem interesse nos assuntos, deve considerar a viagem para Austin. E nem precisei falar da cidade. 😉

Remote work? Yes, Sir!

I recently finished two books written by the Basecamp team (ex-37signals): Rework and Remote. While the first one defends a new way of performing work and the period where we are normally at the office, the second book passionately defends remote work. These are must read books for those who want to transform what is currently established in companies.

It was interesting to notice that, unconsciously, 42formas already works in this “modern” format: we are remote, do not have many meetings, but exchange lots of information. Me and Marcos are based in São Paulo and Bethania is in Toronto, Canada. In this case, the time zone works on our behalf. We only have a two (now three) hour difference between both cities and this makes it possible for calls, emails and messages to be exchanged in a timely manner.

The advantage with remote work is that it prioritizes demands. Something very urgent? Call. Medium urgency? A “ping” Skype or Whatsapp message will work just fine. Is there more time to solve this? Send an email.

Solving things outside meeting schedules also helps value the meeting itself. We schedule a conference call at least once a week during a convenient schedule for everyone. In the meantime, we have several interactive moments throughout the week, to get things moving. And we’re only talking about three of us!

At the same time, Marcos works on the communication between our team and partners, which are scattered around São Paulo, Rio and Belo Horizonte. This type of relationship is great because it allows us to focus exclusively on work. It´s kind of like what the Basecamp team says:

“The old adage still applies: No assholes allowed. But for remote work, you need to extend it to no asshole-y behavior allowed, no drama allowed, no bad vibes.”

It’s not easy, but it has worked out. This allows us to devote time to getting the job done well, finding the right people to work with us and valuing the time when we’re physically together.

Trabalho remoto? Sim, senhor!

Recentemente, terminei os dois livros escritos pela turma do Basecamp (ex-37signals): Rework e Remote. Enquanto o primeiro defende uma nova forma de conduzir o trabalho e o período em que convencionalmente estamos no escritório, o segundo é uma defesa apaixonada do trabalho remoto. Não preciso dizer que são leituras obrigatórias para quem deseja quebrar o que está estabelecido nas empresas.

Foi curioso perceber que, inconscientemente, a 42formas já trabalha de um jeito “moderno”: estamos remotos, com poucas reuniões, porém com uma boa quantidade de troca de informações. Eu e Marcos aqui em São Paulo, e a Bethania em Toronto, no Canadá. Nesse caso, o fuso nos ajuda – são apenas duas (agora três) horas de diferença entre as duas cidades – e isso permite que ligações, e-mails e mensagens diversas sejam trocados em tempo hábil.

A vantagem do trabalho remoto é que ele serve para dar prioridades às demandas. Algo muito urgente? Ligue. Meio urgente? Uma mensagem de ping no Skype ou um alô pelo WhatsApp servem. Tem um tempo maior para resolver? Mande um e-mail.

Solucionar as coisas fora do horário de reunião também serve para valorizar a própria reunião. Fazemos uma call pelo menos uma vez por semana em horário que seja bom para todos. Nesse meio tempo, temos diversos momentos de interação ao longo dos dias para fazer as coisas andarem – e estamos falando só de nós três!

Ao mesmo tempo, Marcos ainda despacha com nosso time e nossos parceiros, que estão espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Esse tipo de relacionamento é excelente, porque nos permite concentrar esforços apenas no trabalho. É como a turma do Basecamp diz:

 

“(No ambiente de trabalho), o velho ditado ainda é válido: não há espaço para pessoas idiotas. Mas, no trabalho remoto, é preciso estender o ditado para: não há espaço para comportamentos idiotas, não há espaço para dramas – o nosso #mimimi – e não há espaço para más vibrações.”


Não é fácil, mas tem dado certo. Isso nos permite dedicar tempo para fazer o trabalho bem feito, achar as pessoas certas para trabalhar conosco e valorizar o momento em que estamos fisicamente juntos.

What is the best environment for learning?

If you are entering this world now, I would like to highlight that Quartz is a reference that I greatly appreciate. As I was searching for a specific story on the site, I came across this one, which has a title that seems to be a bit too confident: “How to create the perfect environment to boost creativity”.

This article talks about an American writer F. Scott Fitzgerald and the environment he created at La Paix in Baltimore, during the period when Zelda, his wife, was going through schizophrenia treatment at a local clinic.

While at La Paix, Fitzgerald worked in dark, disheveled rooms with a bottle of gin in a nearby drawer. He took short walks and came back to hand-write his ideas on notepads scattered on his desk.

The discussion reaches an interesting point: environments with dim lighting and a bit noisy can – lo and behold –promote creativity. And a bit of alcohol can accelerate problem solving and decision making. Interesting, huh?

Of course, it’s not a rule. However, it made me think of that cultural and creative diversity topic once again. Some people may work perfectly in an environment with profound silence, while others perform better with a little noise around them. I have already noticed that sometimes I can work better at a cafe or in an environment where people have moderate conversations around me. That does not mean I want to be bothered, but the feeling of having someone around helps me.

With the current co-working, remote work and “decompression room” trends in companies, I can imagine that the great challenge within organizations is understanding that people do not necessarily have to be at their desks-or even sharing the same space – in order to be productive.

When we consider these aspects from a learning perspective, it is safe to say that organizations try to understand the different models, locations, and learning environments. A previously established environment is not always the best and most effective. Some may learn better on their way from or to home, or at a café or bar. Understanding these peculiarities can be key to ensuring a successful learning solution.

Let’s explore this more in the next few weeks.

Qual é o melhor ambiente para aprendizagem?

Você, que está chegando agora, saiba que o Quartz é uma referência muito apreciada por este que vos escreve, e, na busca por uma determinada história no site, me deparei com esta, que tem um título ligeiramente petulante: “How to create the perfect environment to boost creativity”.

A matéria trata do escritor americano F. Scott Fitzgerald e do ambiente que ele criou em La Paix, em Baltimore, durante o período em que Zelda, sua esposa, tratava sua esquizofrenia em uma clínica local.

Enquanto, em La Paix, Fitzgerald trabalhava em um quarto escuro e bagunçado, com uma garrafa de gim sobre uma cômoda próxima, ele realizava pequenas caminhadas e voltava para fazer anotações à mão nos blocos que ficavam espalhados em sua mesa.

A discussão avança para um ponto interessante: ambientes com pouca luz e silenciosos podem ser – pasmem! – estimulantes para a nossa criatividade, e um pouco de álcool pode acelerar a solução de problemas e as tomadas de decisões. Curioso, não?

Claro, não é uma regra, mas me fez pensar naquela velha história da diversidade cultural e criativa das pessoas. Se algumas funcionam perfeitamente em um ambiente de profundo silêncio, outras desempenham melhor com um pequeno burburinho a seu redor. Já percebi que, eventualmente, rendo mais quando trabalho em um café, ou em algum ambiente onde pessoas conversam moderadamente à minha volta. Isso não significa que quero ser incomodado, mas a sensação de ter alguém por perto me ajuda.

Em tempos de coworking, trabalho remoto e “salas de descompressão” nas empresas, imagino que o grande desafio das organizações seja entender que as pessoas não precisam necessariamente estar em suas mesas – ou até dividindo um mesmo espaço – para serem produtivas.

Quando levamos isso para a questão da aprendizagem, é seguro dizer que as organizações tentam entender a diversidade de formas, locais e ambientes de aprendizagem. Nem sempre aquele espaço já estabelecido é o melhor e mais eficaz. Alguns podem aprender melhor indo ou voltando para casa, ou no café ou no bar. Entender essas peculiaridades pode ser fundamental para garantir uma solução de aprendizagem de sucesso.

Vamos falar sobre isso nas próximas semanas.

Manifesto

De quantas maneiras diferentes podemos aprender? Não sabemos medir, principalmente quando pensamos nas diferentes formas pelas quais experimentamos e entendemos o mundo. De modo concreto ou pragmático, tátil ou em pensamento. Com os olhos, com o olfato, com o paladar.

Todos temos tempos e interesses diferentes, e, nos dias de hoje, a diversidade deixou de ser apenas um termo “cool” para ser um componente importante em nosso dia a dia. Nossos amigos têm interesses distintos entre si; nossa família também. Por qual razão todos têm de aprender da mesma forma?

A diversidade é uma característica da inteligência humana. Outra é que a inteligência é dinâmica e criativa.

“O cérebro não está dividido em compartimentos. De fato, a criatividade (…) surge normalmente através da interação de diferentes formas de ver as coisas.” – Ken Robinson

Por isso, é fundamental pensar e agir diferente, e é isso que nos propomos a fazer. Queremos desenvolver experiências únicas de aprendizagem. Mais do que isso, queremos ajudá-lo a descobrir que é possível pensar dessa forma. Esqueça as receitas de bolo. Fazer tudo do mesmo jeito pode funcionar, mas não é desafiador.

No entanto, a coisa muda de figura quando estamos determinados a pensar e a desenvolver conteúdos e formas customizadas para aprender, e é isso que nos move – a oportunidade de utilizar toda a nossa experiência em comunicação, treinamento e desenvolvimento para fazer o novo.

Acreditamos em um aprender diferente. Se a criatividade surge da interação das diferentes maneiras de ver as coisas, então estamos no caminho certo, porque entendemos que culturas, formações e experiências diversas precisam dividir um mesmo espaço, e esse caldeirão de referências e repertórios é que faz a diferença no produto final.

Quer vir conosco?

Manifesto

How many different learning formats exist? We don’t know how to measure this. Especially when we think of the different ways we experience and understand the world. In a concrete, pragmatic, tactile or thought-based manner. With our sight, smell, or taste.

We all have our own rhythm and interests. Nowadays, diversity is not only a “cool” term, it is an actually important component in our daily life. Our friends and family have different interests as well. Why on earth does everyone have to learn in the same way?

Diversity is a human intelligence characteristic. Another characteristic is that intelligence is dynamic and creative.

“The brain isn’t divided into compartments. In fact, creativity (…) more often than not comes about through the interaction of different disciplinary ways of seeing things.” – Ken Robinson

Therefore, it is essential to think differently and act differently. This is our proposal. We want to develop unique learning experiences. However, we want to go beyond and help you discover that it is possible to think like this. Forget cake recipes. Doing everything the same way can work, but it’s certainly not challenging.

The scenario changes when we are determined to create and develop content and customized learning formats. This is what drives us. The opportunity to use all our experience in communication, training and development to make something new.

We believe in learning differently. If creativity arises from an interaction between different ways of looking at things, then we are on the right track. We believe that different cultures, experiences and backgrounds need to share the same space. This mix of references and repertoires makes a difference in the final product.

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